segunda-feira, 9 de abril de 2018

24 horas de jejum e oração

Dormi na Praça
Como diz um refrão de uma música  secular sertaneja, eu dormi na Praça, literalmente, na verdade não dormi mas fiquei acordado na Praça.
Recebi de Deus uma direção de conhecer mais profundamente o povo é o bairro onde estou inserido como igreja e pastor. Com uma direção clara dada por Deus é até a roupa que deveria usar, cheguei a praça do Sta Edvirges que é na verdade um entroncamento ou uma intersecção de vários bairros na nossa rica periferia. Digo rica pois nunca tinha vivido, ou tinha sido tratado com tanto amor, gentileza e reconhecimento como fui pelos vizinhos ao entorno daquela localidade.
Cheguei as seis horas da manhã do domingo  e sai de lá as sete horas da manhã da segunda feira. Cheguei ressabiado e confesso com medo pois estaria em estado de vulnerabilidade e fragilidade. Coloquei uma manta no chão e ali depositei minha bíblia, agenda canetas para anotações dos versículos e sobre minhas impressões dessa experiência.
Levei também um livro sobre processos mentais na área de psicologia que ganhei de minha irmã biológica Mara, a qual eu sugiro como leitura por ser interessantíssimo.
Logo virei alvo da curiosidade dos vizinhos e comerciantes do local e sem mesmo me perguntarem meu nome ou igreja ganhei a alcunha de...o Homem de Deus da praça.
Convites de almoço, café, sorvete, pão ou mesmo pra usar o sanitário começou a chover e quando finalmente me perguntaram porquê eu estava fazendo aquilo, eu lhes disse que era por eles, seus olhos marejaram e muitos choraram de verdade.
Logo passei a ser cuidado por eles
Cadeiras apareceram, uns rapazes queriam fazer uma cabana pra ,e abrigar do sol e me lembrei doa história do Velho testamento onde uma mulher construiu um quarto na sua casa para receber o profeta com honra de profeta, coisa tão inusitada, uma honra que mesmo em nosso meio desconheço.
UMA senhora me obrigou a aceitar um cobertor indignada em eu não aceitar comer nada. Ela disse, fome vc passa mas no que depender de mim frio não, rsrs. Os convites não foram aceitos pois estava em consagração de jejum e mesmo de água. Suas residências foram abertas a mim para uso de sanitário ou descanso, agasalhos, toucas foram me oferecido. Gente não sei explicar aquilo. Eles não me conheciam mas era como se confiassem em mim há anos, coisa do céu, coisa de Deus. Proteção do Senhor pois obedeci sua voz.
Pessoas passavam de carro e paravam para me perguntar se eu precisava de alguma coisa,  pra dizer que estavam preocupados comigo no sol, sem água, gente que eu não sei nem o nome e talvez nunca mais veja
Um traficante recém convertido disse que foi levado lá por Deus pois um homem Santo iria lhe tirar dúvidas, coisas que só vi na leitura do livro de Atos dos Apóstolos. Aí eu entendi que eles vi eram porque foram e nos não estamos vivendo porque estamos ficando dentro e não indo pra fora, onde os milagres nos esperam e o milagre é esse povo lindo dessas praças de toda Bauru que apenas estão...Nos esperando.
Amados eu ainda estou aquecido pelo amor desse povo, desses que são esquecidos e estigmatizados pela igreja. A noite após o término do culto nosso povo da igreja foi para a onde eu estava e tiveram um encontro lindo com nosso povo da praça...foi lindo de ver. Algumas imagens estão na internet...vá lá ver.
Os abraços foram emocionantes, e eles vieram cultuar conosco e a igreja nunca teve tantos convidados como naquela noite que ficará pra sempre na memória e coração. Quando o povo da igreja foi embora os milagres ainda foram abundantes. Pessoas de várias idades e sexo foram a praça conversar, pedir Conselho, contar seus dramas suas histórias seus medos e angústias.  Muitos dos nossos presenciaram isso.
A partir das três da manhã recebi um irmão em busca de uma palavra de ajuda, e nesse horário fiquei chocado com o tanto de pessoas de várias faixas etárias que perambulavam pelas ruas como zumbis tomados pela drogas e mesmo nesse momento não precisei ter qualquer temor pois eles também foram atenciosos, gentis e amáveis para comigo.
Parecia que eles brotavam do chão, e vestidos de andrajos perambulavam sem destino certo, sem falar dos animais de rua que também me trouxe tristeza por ver o abandono.
Aí o dia clareou
Aí eu entendi muito melhor e mais forte o meu chamado
Que é para fora e não para dentro
Aí eu chorei pela igreja, chorar foi o que mais fiz nesse tempo.
Chorei por perdermos tanto tempo julgando em vez de ganharmos tempo amando.
Me comovi com as histórias de abandono e solidão
E UMA coisa aprendi
Eles estão apenas nos esperando
Agradeço a Deus por essa experiência na Praça pois lá reaprendi o que verdadeiramente é importante
Obrigado meu povo da praça,
Meus vizinhos esquecido por nós
Tanto amor
Tanta gentileza
Tanto cuidado comigo e principalmente tanto reconhecimento e honra do meu ministério
O Homem de Deus da praça
Fui pra cuidar e fui cuidado
Fui pra honrar e fui honrado fui para amar e fui amado
Fui pra levar uma mensagem e a recebi de vcs a maior delas
Não tenho preconceito par com o povo que Jesus tanto amou
Amou e viveu no meio deles...na PRAÇA
Em nenhum momento após chegar ali senti mais medo pois percebi que me guardando havia um grande exército ao meu redor,
Dos anjos do céu
E dos meus anjos da praça.
Me protegeram e cuidaram como se eu fosse um deles
E eu na verdade agora sou
Virei o Homem da Praça
E é na Praça que eu quero viver e realizar meu Ministério...com as pessoas, meus irmãos da Praça.
O dia que eu ACORDEI na Praça.
PR.GERALDO  ARAÚJO