quarta-feira, 29 de junho de 2016

As festas juninas e o cristão

Muitos perguntam se o cristão pode ir a festas juninas ou se deve permitir a seus filhos participarem dessas atividades promovidas pelas escolas. Há quem defenda a inocência dessas festas como apenas manifestações folclóricas e que seria até um pecado não deixar os filhos brincarem nas escolas. Várias igrejas evangélicas celebraram festas com essa temática sob os nomes: Arraiá Gospel, Arraiá de Deus, Arraiá de Jesus, Arraial do Povo de Deus, Arraiá da Bença, Arraiá sem João com Cristo, Arraiá dos Jovens, Crentão, Festa Country, etc., enquanto outras classificam essas iniciativas como sincretismo evangélico.
A deusa Juno, dos etruscos, segundo a mitologia romana, era casada com seu irmão Júpiter, e juntamente com Minerva, formavam uma trindade. Assim como Santo Antônio é o santo casamenteiro, ela era a protetora do casamento, que conduzia a noiva à sua nova casa, ajudava no parto e na vida familiar. Quando vinha o verão europeu as festas davam início à preparação para o plantio. As festas de Juno eram as junônias. A Igreja Romana incorporou essas festas ao seu calendário litúrgico começando com o aniversário da morte de São João no dia 24 de junho (solstício – a noite mais longa do ano), o de Santo Antônio de Pádua que morreu no dia 13 e o de São Pedro no dia 29 do mesmo mês porque se cria que essa era a data do seu martírio. O sincretismo da Igreja Católica, na Europa era a adoção das datas pagãs para celebrar eventos religiosos, ou cristianizar o paganismo.
Com o passar dos anos estas festas foram ganhando as roupagens culturais dos locais onde eram celebradas ficando esvaziadas da sua conotação religiosa. Festas podem ser santas quando instituídas por Deus como Páscoa e Pães Asmos (Êx 12.1-20; 23.15); Festa da Colheita (Êx 23.16; Lv 23.15-21); Tabernáculos (Êx 23.16¸ Lv 23.33-43); e outras. Na festa da volta do filho pródigo houve música e danças (Lc. 15.25). Deus não tolera a iniquidade associada ao ajuntamento solene (Is 1.13,14).
No Brasil, as festas juninas têm um conteúdo saudosista quando as pessoas se vestem de trajes típicos caipiras, comem alimentos da roça, e tomam bebidas alcoólicas como quentão e batida de amendoim (à base de aguardente) e vinho quente. Queimam-se fogos de artifício para espantar os maus espíritos, atrair os bons fluidos, acordar São João para a festa e, às vezes, para arrebentar uns dedos das mãos. Soltam-se balões como oferendas aos céus para fazer pedidos, agradecimentos e, às vezes, iniciar um incêndio. Acende-se uma fogueira e caminha-se sobre as suas brasas. Não podem faltar as danças de quadrilha e o casamento caipira. O enredo do casamento caipira gira em torno da noiva estar grávida antes do casamento. Os pais tentam fazer o noivo casar-se com ela e ele tenta fugir. O delegado e seus soldados obrigam o noivo a se casar e vigiam a cerimônia. Tem a lavagem do santo e o levantamento do mastro de São João que de longe faz lembrar o batismo de João Batista. Porém não faz nenhuma alusão ao Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (exceto pela estampa). (João Batista dizia que importava que o Cordeiro crescesse e ele diminuísse). É interessante lembrar que a dança da filha de Herodias terminou na decapitação de João Batista.
Não precisa ter muita sensibilidade para perceber o caráter idólatra e mundano dessas festas. A amizade do mundo é inimizade contra Deus. Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam. Os que são fortes precisam saber que influenciam a consciência dos fracos (Ver 1Co 10.14-33). Nas escolas ninguém é obrigado a participar de festas religiosas porque o estado brasileiro é laico.
Pr. Rafael Lopes

TESTEMUNHO DA ZETE